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Connecting Software contrata e visa a cadeia de bloqueios

Ruben Pires - Jornal Económico PT

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Uma empresa tecnológica criada pelo austríaco Thomas Berndorfer quer tornar a sua equipa mais internacional - metade estrangeira e metade portuguesa. E ele pretende transformar a Madeira numa "Ilha do Silício".

A Connecting Sofware, empresa instalada na Zona Franca da Madeira, com presença na Áustria, Eslováquia e Estados Unidos, pretende reforçar a sua equipa na Região Autónoma da Madeira, de 14 a 20 pessoas, e fazer uma forte aposta na Internet das Coisas (IoT) e Blockchain. A mudança para instalações maiores também faz parte dos planos para este ano.

Os planos da empresa incluem também mais recursos humanos para tornar a equipa da Madeira mais internacional, com um rácio 50% estrangeiro e 50% português.

O objectivo é simples: "Queremos elevar a qualidade na Madeira, para trazer mais qualidade do estrangeiro". Com isto, os madeirenses começam a pensar em termos internacionais - somos uma empresa internacional", diz Thomas Berndorfer, CEO e fundador do Connecting Software.

A integração representa 25% de gastos em TI

Um dos focos da empresa tecnológica instalada na Zona Franca da Madeira é a resolução de problemas de integração.

"O problema de integração é um problema comum. Temos mais aplicações, e temos de ser mais produtivos. 25% das despesas em Tecnologia da Informação (TI) é com a integração. Um telefone celular está integrado com várias aplicações e tecnologias. Tudo tem que ser integrado. Queríamos construir algo para resolver as coisas e torná-las mais simples. Existem outras soluções no mercado, mas elas são muito complexas. Nós queríamos que qualquer desenvolvedor fosse capaz de fazer a integração. Esse era o objetivo. Queríamos diminuir a complexidade dos projetos de integração", diz o CEO do Connecting Software, explicando a idéia inicial que levou à criação da empresa.

"Nós somos como um tradutor entre programas de software. Os programas têm idiomas diferentes. Ajudamos a fazer com que os programas falem mais facilmente entre si", acrescenta ele.

Connect Bridge, a plataforma do Connecting Software que serve como 'tradutor', já conta com mais de mil instalações e mais de 70 parceiros promovendo-a, incluindo empresas como Microsoft, SoftwareONE, ORBIS e OranguTech.

"Estamos a vender globalmente sem sermos globais. Temos uma equipe de marketing que cria conteúdo, e as pessoas encontram esse conteúdo. Nós somos como pescadores. Nós fazemos conteúdo para que as pessoas que têm um certo problema nos encontrem. Elas podem testar o produto gratuitamente e, se gostarem, podem comprá-lo", explica o CEO.

Internet das coisas e "cadeia de bloqueios" são apostas

A autenticação de documentos utilizando a tecnologia blockchain será uma das apostas do Connecting Software. "Imagine que de repente você se vê inundado de milhares de documentos e não tem como saber se eles são autênticos, e mesmo tendo certeza de sua autenticidade, você não tem a ferramenta certa para realizar essa verificação. Connecting Software quer responder a este problema através de um mecanismo que valida e assegura que o documento que tem em mãos é de facto autêntico, num procedimento que lhe permite validar quase instantaneamente esses milhares de documentos. Com a tecnologia blockchain, podemos provar que todo o processo está correto", enfatiza Thomas Berndorfer.

Connecting Software está empurrando a autenticação de documentos usando a tecnologia blockchain e o uso da Internet das Coisas para conectar o software empresarial e o mundo industrial

O empresário acredita que este mercado será de extrema relevância nos próximos anos. "Atualmente, o mercado vale cerca de 10 bilhões de euros, e dentro de seis anos, a expectativa é de que ele cresça para 260 bilhões de euros. A cadeia de bloqueio vai ter um grande impacto na economia. Seremos um dos grandes pioneiros com uma solução fora da caixa para criar selos e colocá-los na cadeia de bloqueio". Somos um movimentador super rápido. A ideia de como usar a cadeia de bloqueio economicamente ainda não está generalizada", explica o CEO do Connecting Software.

A Internet das Coisas é outra área de negócios na qual eles planejam investir, fazendo uma conexão entre o software de negócios e o mundo industrial. "Imagine que você trabalha na indústria automobilística e tem que trabalhar com vários fornecedores. As fábricas têm de entregar peças e garantir o seu controlo de qualidade. Mas para que isso aconteça, você tem que garantir que as máquinas estejam operacionais, e precisa de um mecanismo para detectar qualquer problema nas máquinas para dar uma resposta rápida, evitando atrasos na produção", exemplifica. A solução apresentada pelo Connecting Software é desenvolver uma solução que alerte uma máquina está prestes a ter um problema, com antecedência, usando a Internet das Coisas, para que os recursos sejam mobilizados para reparar esse problema antes que a máquina fique inoperante.

Os incentivos da Zona Franca foram atraentes

Connecting Software lançado em 2004, através da Cross National Solution. Chegou aos Estados Unidos, através do Connecting Software Inc., Canadá em 2016, e Madeira em 2017.

Eles são Parceiros Microsoft, com cinco competências de ouro: Gold DevOps, Gold Data Platform, Gold Data Analytics, Gold Windows and Devices, Gold Application Development'.

A decisão de investir na Madeira ficou a dever-se aos incentivos da Zona Franca. "Tive uma espécie de depressão invernal. Na Áustria, temos quatro meses sem sol, e está frio. Estávamos à procura de um lugar para viver nos meses de Inverno. Encontrámos a Madeira. Estivemos aqui durante duas horas e decidimos que esta era a ilha. Era o que precisávamos", explica Thomas Berndorfer.

"Nós queremos trazer dinheiro para a ilha. Queremos trazer dinheiro intelectual. Queremos trazer pessoas e empresas estáveis e sustentáveis para a Madeira. Nós podemos trabalhar em todo o mundo. Porque não trabalhar na ilha mais bonita do mundo? Queremos ter Sillicon Madeira, Ilha de Sillicon", reforça.